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quarta-feira, 17 de março de 2010
Papel Do Contador Nas Novas Normas Contábeis:
Desde 01 de janeiro de 2008, as normas contábeis brasileiras vêm sofrendo uma completa transformação com o objetivo da adoção das normas internacionais pronunciadas pelo IASB. No entanto, como quase tudo que acontece nesse País, essas a Lei 11.638/07, instrumento legal responsável pelo início de todo processo, foi publicada nas últimas horas de 2007, gerando efeitos já para o início do exercício seguinte. Com isso, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi ao longo dos anos de 2008 e 2009 traduzindo, adaptando e promulgando as novas normas contábeis as quais deveriam ser adotadas parcialmente em 2008 e 2009 e integralmente em 2010. Sabe-se que em 2008, muitas empresas que adotaram as normas do CPC as fizeram partindo do IFRS, já que algumas das normas internacionais ainda não haviam sido promulgadas pelo CPC.
Bem, com esse rolo compressor de mudanças, a classe contábil brasileira se viu, de repente, diante de um imenso desafio. Assimilar toda essa mudança da norma em meio ao SPED Contábil e Fiscal e NF-e juntamente com as mudanças tributárias tão corriqueiras no cenário econômico brasileiro. Enfim, as novas normas trouxeram, e na verdade, uma grande mudança de paradigma. Estamos deixando para trás aquela contabilidade altamente influenciada pelo regulamento de Imposto de Renda, para adotarmos uma contabilidade com forte base em princípios financeiros voltada para melhor informar investidores e outros importantes agentes do mercado.
Um dos grandes desafios dessas mudanças, além da própria velocidade delas, é abandonar a cultura de se ter uma contabilidade extremamente engessada (adotada por conveniência e por simplicidade) baseada nas normas do regulamento do imposto de renda que determinava, dentre outras coisas índices admitidos de depreciação, forma de cálculo de provisão para devedores duvidosos, forma de amortização de ágio, etc...
Derivado do IFRS, o CPCs (denominação dada a cada normas contábil) são normas baseadas em princípios financeiros com alto grau de subjetividade dependente de julgamentos que logicamente variam de entidade para entidade, tais como taxas de depreciação, taxa de desconto para teste de recuperabilidade, taxa desconto para ajuste a valor presente, dentre outras que devem estar definidos na política contábil da entidade. Logicamente, que todo julgamento tem que estar embasado em premissas sólidas que por sua vez têm que estar alinhadas com a estratégia e a realidade operacional de cada organização.
Diante desse cenário, cresce muito a importância da contabilidade e da controladoria nas organizações. As entidades terão, mais do que nunca, que consultar tais departamentos nos processos de decisões estratégicas. Com isso o contador deve mudar o seu foco na organização, adquirindo mais conhecimentos não só na área contábil como também em finanças e estratégica. Será do departamento de controladoria, mais precisamente do contador, junto com a administração, a responsabilidade de desenvolver as normas de políticas contábeis que terão uma importância central na qualidade das informações apresentadas nas demonstrações contábeis e por conseqüência nos processos de tomada de decisão pela administração e pelos dos agentes externos.
Finalmente, estamos, no Brasil, diante de uma nova era, em termos contábeis, uma era em que os departamentos contábeis, a controladoria, o profissional de contabilidade terão enfim o papel que sempre deveriam ter que é de voltar primeiramente seus esforços para o atendimento das necessidades do mercado em termos de informações societárias e não mais para atender primeiramente às necessidades do Fisco. O desafio é grande, mas o reconhecimento da importância do profissional de contabilidade certamente será ainda maior.